Coronavirus não desaparecerá de uma semana pra outra!
Fomos levados a acreditar que após certo período de isolamento social o Covid-19 iria desaparecer. Sendo que pra isto acontecer seria necessário que cada um de nós fizesse um esforço de ficar em casa. Por mais simples que isto seja, todos encararam como um baita desafio ter que deixar os afazeres, os compromissos, fechar o comércio e procurar atividades para realizar até que o vírus “fosse embora”.
Infelizmente a questão é muito mais complexa. Não sou especialista em saúde, nem em economia, nem em estatística e muito menos defendendo algum interesse particular ou de classe. Defendo sim um interesse coletivo, o qual, mesmo que em um primeiro momento seja da sociedade a qual estou diretamente inserido (Pirassununga/SP), mas que pode ser replicado a outras regiões. Por ironia do destino, sou um crítico ferrenho de pessoas que ousam dar opinião sobre um tema que não estudaram, especialmente em assuntos relacionados ao agronegócio e meio ambiente (como tem palpiteiro nestas questões). Mesmo assim, vou tentar deixar minha contribuição. Julgo ter uma base mínima pra isto e ainda considerando o festival de desinformação das grandes mídias, creio que ações voluntárias desprendidas de qualquer viés são bem-vindas.
Começo pela questão desta falsa impressão que nos foi repassada que uma hora o Covid-19 iria desaparecer. Sinto em informar, mas ele não desaparecerá. Ao que tudo indica se transformará num problema endêmico, ou seja, ficará no ambiente de modo permanente e se manifestará conforme causas e circunstância locais. O fato de se tornar um problema endêmico não tem relação nenhuma com a quantidade de infectados e sim que teremos que conviver com o Covid-19. Como já ocorre com a febre amarela, dengue, malária e HIV, por exemplo.
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Só voltaremos a ter alguma normalidade das coisas quando uma vacina estiver disponível. Só que isto também não está perto de acontecer. Considerando o tempo para desenvolvimento desta vacina, testes para confirmação da eficiência, produção em escala comercial e disponibilização real pra toda a sociedade, creio que isto não levará menos que 12 meses. Espero estar errado disso, mas tenho convicção que não se trata de algo simples.
Isto quer dizer que do ponto que estamos hoje até a real disponibilização de uma vacina teremos que conviver com o coronavirus. Até por que não faz sentido ficarmos em isolamento social este tempo todo. Uma coisa já ficou clara mundo afora: não é a extensão da quarentena em dias que irá resolver o problema, e sim o rigor da sua aplicação e, especialmente, a responsabilidade e o compromisso de cada um.
Quem não é grupo de risco, inevitavelmente, vai ter que se expor ao vírus. Igualmente os caixas de supermercado, os motoboys, os comerciantes de lojas agropecuárias e tantos outros aí. Não vai adiantar impor uma quarentena de seis meses, por exemplo. O vírus continuará em circulação enquanto as atividades essenciais continuarem. Entendo que o grande desafio é achatar a curva. Acontece que após 2 meses de isolamento e muitos (a grande maioria) sem fonte renda, não resta outra opção a não ser enfrentar o vírus. A sensação é que estamos bem próximos dos problemas econômicos serem tão maléficos quando o coronavirus.
O Covid-19 tem se manifestado de diferentes formas nas diferentes cidades. No caso de Pirassununga/SP, onde tenho acompanhado mais de perto, nota-se que até o dia 15 de abril a situação estava controlada, com apenas 1 caso confirmado. Considerando que o isolamento social começou no dia 16 de março, tivemos um mês de situação aparentemente controlada. Só que depois do dia 15 de abril surgiu mais 2, depois já subiu para 5 e aí perdeu-se completamente o controle. Sendo que em especial nas últimas semanas a coisa começou a ficar exponencial (Figura 1).
Coletar dados de um problema desta ordem é fundamental para auxiliar nas decisões. Porém, tão importante quanto coletar é tratar estes números de modo a deixa-los o mais informativo possível. De preferência acessível e interpretável por toda a sociedade. Da forma como estão apresentados no gráfico acima, por mais simplista que seja, nos diz muita coisa. Especialmente que ao invés do problema ir embora, como nos fizeram acreditar, ele está se agravando.
Diz ainda que o isolamento social não foi suficiente para conter a disseminação no vírus. E se não tivesse o isolamento? Talvez os números seriam bem maiores. Talvez nosso sistema de saúde já teria colapsado. Não podemos afirmar que foi em vão.
O Covid-19 tem se comportado de modo muito particular em cada região do mundo por onde passa. Por exemplo: O vírus literalmente pegou carona nos aviões e se alastrou rapidamente mundo afora. No entanto, não foi observado alto grau de infectados entre pilotos e comissários de bordo (ao menos não tive conhecimento de algum estudo neste sentido). E os caixas de supermercados? Felizmente também não vi qualquer estudo que mostre maior incidência de casos nestes profissionais.
Em contrapartida, os profissionais da saúde, mesmo com toda a vestimenta de segurança, seguindo todos os protocolos e, especialmente, conhecedores da gravidade do problema, estão sendo infectados em maior proporção. Claro que possuem o agravante de estarem lidando diretamente com o problema, mas mesmo tomando todas as medidas de segurança estão sendo acometidos. O que confirma o quão complexo é o comportamento do Covid-19.
O que fazer então? Esta se tornou a pergunta do milhão no atual cenário. De um lado o problema de saúde pública se agravando. Do outro o problema econômico atrelado ao tédio/ansiedade que o isolamento tem causado. Mais do que nunca dependemos da colaboração de cada indivíduo para a consolidação de um resultado coletivo. Creio que já seja o momento de pensarmos em como conviver com o Covid-19 e não em estratégias de isolamento na expectativa que o vírus irá embora. Infelizmente, isto que nos fizeram acreditar, não irá acontecer.
Fábio Sussel, Dr. Zootecnista.
Olha, “jornalista” embusteiro, numa coisa o senhor tem toda razão:
Não se deve opinar sobre assuntos que não conhece! Então cria vergonha na cara e pare de bostejar!