Forças de Segurança prestam homenagem aos Heróis da Revolução Constitucionalista
Neste domingo (9) de julho, as forças de segurança, represetadas pelos policiais militares da 3ª Cia. PM, Guardas Civis Municipais e militares do 13º Regimento de Cavalaria Mecanizado (13º RC Mec), prestaram homenagem aos Heróis da Revolução Constitucionalista de 1932 junto ao Obelisco, localizado em frente ao Cemitério Municipal de Pirassununga.
Da Revolução
Octogésimo Quinto Aniversário da Revolução Constitucionalista e a Participação da Força Pública Paulista (PMESP)
Para entendermos a epopéia de 1932, é necessário retornar ao ano de 1924, quando na capital paulista, ocorreu a “Revolução de 1924”, onde a Cavalaria da Força Pública, juntamente com Oficiais do Exército Brasileiro, imbuído das ideias tenentistas de reformas da “Revolta dos 18 do Forte de 1922”, tomaram de assalto o complexo de Quartéis da Policia Paulista no Bairro da Luz, desencadeando intensos combates na cidade de São Paulo, culminando assim, na retirada dos revoltosos para o Estado do Paraná, onde se uniram ao Capitão do Exército Brasileiro, Luiz Carlos Prestes, formando a Coluna Miguel Costa – Prestes.
No ano de 1930, com o predomínio paulista e mineiro na política nacional, em especial na sucessão presidencial, é lançado o nome de Getúlio Vargas, porém foi derrotado nas eleições, mas com o apoio de boa parte do Exército Brasileiro e da Coluna Miguel Costa – Prestes, toma o Poder e instaura um regime ditatorial no país.
Nesse cenário, o Estado de São Paulo, mesmo na condição de baluarte nacional devido sua forte economia, é colocado como um mero coadjuvante nas decisões dos rumos do Brasil, sendo nomeado o Interventor João Alberto Pessoa para assumir a cadeira de Governador do Estado. Como golpe de misericórdia no Estado de São Paulo, Vargas, desmobiliza o arsenal bélico da Força Pública de São Paulo, conseguindo literalmente destruir o que era conhecido, à época, como “O Pequeno Exército Paulista”.
No ano de 1931, começaram a ocorrer revoltas isoladas em quartéis da Força Pública, e manifestações populares devidos a insatisfação com o Governo, assim Getúlio Vargas, nomeia como novo Interventor de São Paulo, o Paulista Pedro de Toledo, numa tentativa de esfriar os ânimos, não tendo resultado, e em 23 de maio de 1932, na Praça da República, ocorre uma violenta reação a uma dessas manifestações, onde simpatizantes de Vargas, recebem com tiros os manifestantes que tentavam invadir, o que é hoje o Prédio da Secretaria da Educação, são feridos mortalmente os jovens, Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo (MMDC) os primeiros mártires da Revolução. Com esse gesto radical, Vargas, acende um estopim. Políticos paulistas, o Comando da Força Pública, estudantes, tropas do Exército e da Marinha sediados no Estado de São Paulo, todos esses descontentes com os rumos do país e contrários a Ditadura imposta por Vargas, começam a se articular formando o Exército Constitucionalista
Ocorre uma União de diferentes classes com um mesmo objetivo, algo inédito na História do Brasil. Esse movimento aguardava o apoio de outros Estados como Mato Grosso, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, o que não aconteceu. Estando o levante marcado para o dia 14 de Julho de 1932, porém, houve vazamento de informações, e a Revolução teve seu início antecipado para a noite de 09 de Julho.
A Força Pública teve papel primordial, foi a espinha dorsal do Exército Constitucionalista, o qual recebeu o efetivo das tropas federais revolucionárias e dos civis, trabalhadores e estudantes, que somaram mais de 40.000 voluntários.
São Paulo, teve a frente como Chefe Supremo da Revolução o Governador Pedro de Toledo, quando aguardavam carregamentos de armas e munições, oriundos da Europa, como porém os portos paulistas foram tomados por tropas federais. Em razão disso, houve a necessidade de soluções caseiras e engenhosas. Surge assim, o Trem Blindado, apelidado pelos Getulistas como o trem da morte, pois durante a madrugada levava o terror para as tropas inimigas. A matraca, instrumento que repetia o som de um ninho de metralhadora. O lança petardos, armamento desenvolvido pela Escola Politécnica de São Paulo, que servia como peça de artilharia.
Pela primeira e única vez, ocorre uma União de todos os seguimentos da Sociedade Paulista, desde o empresário que converteu sua fábrica para a produção de material bélico, donas de casa que costuravam os uniformes, jovens mulheres que serviam como enfermeiras, crianças e escoteiros que ajudavam na angariação de fundos para o movimento, à imprensa, que se tornou um canal importantíssimo para a difusão de informações do front.
Todo o esforço foi válido, porém o maior foi o de sangue. Na mesma trincheira, do lado paulista, haviam militares da Força Pública, Exército e Marinha, estudantes, trabalhadores rurais da indústria, médicos, professores, entre outros profissionais. Os duros combates se deram em quatro frentes: Vale do Paraíba, Estrada Sorocabana, Araçatuba e Bauru, e Campinas. O inimigo era muito superior em número e armas, mesmo assim, com a abnegação do paulista, cada trecho era defendido com a própria vida. Os combates se seguiram até o dia 02 de outubro, quando São Paulo, já havia pago um preço muito elevado com a morte de cerca de 1.000 de seus filhos, entre eles o do próprio Comandante Geral da Força Pública, Júlio Marcondes Salgado.
De início, o Governo Vargas dissera que venceu o Estado que desejava sua independência, mas a História mostrou que ele estava errado. O Povo Paulista, queria apenas a manutenção dos seus direitos, o império de uma Constituição. A vitória Paulista veio dois anos depois, com a Promulgação da Constituição de 1934, onde surgiram direitos que hoje consideramos normais, tais como o voto universal, voto das mulheres, direito universal a educação, entre outros.
Esse momento Magno da Força Pública e do Povo de São Paulo, está completando 84 anos. A Bandeira Paulista, em suas treze listras faz referências as noites e dias nas trincheiras, tendo em seu vermelho o sangue derramado pelo seu povo, paulistas de nascimento ou por opção.
Assim, quando cada Policial Militar, enverga sua farda, deve saber o passado glorioso que ela simboliza. Hoje os campos de Batalha são outros, a guerra é contra a desfragmentação dos valores da família e da sociedade. Embate, que cada dia infelizmente, também cobra o nosso sacrifício de sangue. Acreditemos que a nossa luta não é em vão, pois assim como ocorreu em 1932, o resultado da vitória não foi imediato, mas foi alcançado. Venceremos mais essa guerra, juntamente com as pessoas de bem, acreditando sempre na força da União e de superação dos desafios.
Que Deus mantenha em seu conforto nossos Eternos Heróis de 1932 e cada Policial Militar que pagou com sua vida o cumprimento da sua missão.
Viva a Memória da Revolução Constitucionalista de 1932 !!!
Viva a Policia Militar do Estado de São Paulo !!!
Neymar Pereira dos Santos; Capitão da Polícia Militar
Comandante da 3ª Companhia de Polícia Militar do 36º BPM/I Pirassununga/SP
Fotos: Antonio Felippe