Bispo de Limeira investigado por extorsão a padres
Por – www.gazetainfo.com.br
O bispo da Diocese de Limeira, dom Vilson Dias de Oliveira, é investigado pela Polícia Civil de Limeira, por determinação do Ministério Público (MP) por, supostamente, praticar extorsão contra padres.
Outro investigado é o padre Pedro Leandro Ricardo, até então reitor da Basílica de Santo Antônio, em Americana. No caso deste padre, as investigações seguem na Seccional da cidade vizinha. Apenas contra ele recaem suspeitas de abuso sexual envolvendo menores, não contra o bispo; mas teria sido, conforme relato, omisso quanto a denúncias.
Já foi determinada a realização de oitivas – ato de ouvir testemunhas – pelo Ministério Público e, por Americana, pelo promotor criminal, Fernando Novelli Bianchini, que encaminhou cópia integral do expediente para que sejam investigadas as denúncias patrimoniais com oitiva dos representantes da Cúria Diocesana para indicarem se houve desfalque ou suspeita.
Ele também determina que seja verificada eventual ocorrência de delito contra dignidade sexual descrita. Por envolver vítimas menores de idade, foi decretado sigilo do conteúdo sobretudo em relação às suspeitas de abuso.
Tudo começou pela deputada estadual Leci Brandão da Silva (PC do B), que recebeu denúncias em seu gabinete envolvendo o padre de Americana e o bispo de Limeira, em outubro do ano passado. Um dossiê com denúncias de pedofilia, assédio sexual, moral, perseguição, extorsão e enriquecimento ilícito. A dom Vilson recaem as últimas três suspeitas.
A parlamentar encaminhou toda a documentação recebida à Procuradoria Geral de Justiça (PGJ), que comanda o MInistério Público em São Paulo. A PGJ, por sua vez, encaminhou as denúncias para investigação nas respectivas comarcas onde os crimes podem ter sido cometidos, como Americana e também Limeira.
A Gazeta apurou que um dos promotores criminais em Limeira, determinou no dia 17 de janeiro que a Polícia Civil local instaure inquérito policial. O andamento da investigação está em sigilo. Da mesma forma, a Polícia Civil em Americana também dá andamento nas investigações relacionadas, principalmente, ao padre Leandro.
DINHEIRO
Sobre o bispo, a denúncia relata extorsão cometida contra padres em diversas ocasiões. A um deles, teria dito: “Você não vai me dar R$ 50 mil, eu vou tirar R$ 150 mil daquela Paróquia”. Diz que a prática é tão comum “que ele pede dinheiro e diz que é para fins particulares”.
A outro padre, o bispo teria exigido R$ 15 mil supostamente para investimento numa casa de praia. O padre negou o dinheiro. Meses depois, foi enviado a uma missão para uma comunidade indígena.
Outro padre, também foi muito conhecido em Limeira, teria dado R$ 3,5 mil para um corrimão em uma das casas do bispo.
O documento diz que alguns padres relatam que a situação chegou ao limite do suportável. Perseguições teriam sido iniciadas após a última apresentação de balancete de gastos gerais da Diocese, que foi em 2010, no valor de quase R$ 360 mil. O valor não inclui valores de salários de funcionários e pagamentos de contas, que estão descritas. O valor de quase R$ 360 mil tem como descrição “outras despesas”, sem detalhes.
Dom Vilson teria 10 imóveis apenas em seu nome, sendo metade em cidade litorânea. A documentação também inclui cópia da denúncia formal feita ao Núncio Apostólico, dom Giovanni d’Aniello, que representa o papa Francisco no Brasil. Também detalha outras denúncias de supostas extorsões, reiteradas, praticadas por dom Vilson contra diversos padres, além de relatos de irregularidades em prestação de contas da Diocese de Limeira sem prejuízo da existência de suposto patrimônio incompatível com a função.
No dossiê, há a seguinte citação: “ambos estão construindo um império de luxo, ostentação e poder à custa do dinheiro do fiel humilde que doa seu dinheiro na igreja”. E lembra do ocorrido em Formosa-GO, no ano passado, com prisões de bispo e padres.
O caso ganhou repercussão após divulgação feita pela Folha de São Paulo, na noite de anteontem. Ao final das investigações policiais, relatórios devem ser encaminhados ao MP, que poderá arquivar as denúncias se houver insuficiência de provas, ou denunciar os suspeitos à Justiça.
Dom Vilson nega acusações e
colabora com investigações
O bispo da Diocese de Limeira, dom Vilson Dias de Oliveira, se posicionou, em nota, diante das acusações feitas contra ele, como extorsão e questionamentos sobre seu patrimônio. Em nota, o bispo responde também por fatos relatados em reportagem veiculada ontem pela Folha de São Paulo.
Sobre as acusações contra ele, diz que “são apontamentos que não condizem com a verdade e que todas as questões já estão sendo esclarecidas ao Ministério Público do Estado de São Paulo”.
Dom Vilson reitera sua posição de colaboração com a Justiça e informa, ainda, que não medirá esforços para que todas as verificações sejam conduzidas em relação às referidas denúncias; O bispo de Limeira conclama todos os fiéis a se unirem em oração pelo bem da vida e da missão da Igreja que peregrina em Limeira. (Vanessa Osava)
Diocese de Limeira faz
apurações internas
A Diocese de Limeira informou em nota que, enquanto as investigações são conduzidas pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, que tramitam em segredo de justiça, dom Vilson já suspendeu de ordem o padre Leandro.
A medida ocorreu no dia 27 de janeiro, por meio do Decreto de Suspensão de Ordens (Ad Cautelam), estando o referido religioso temporariamente afastado da função de reitor e pároco da Basílica Santo Antônio de Pádua, de Americana, até que todas as denúncias sejam esclarecidas, conforme observância aos cânones 375 e 381 do Código de Direito Canônico.
Segundo a diocese, já existe uma investigação interna para apuração de qualquer denúncia, seja jurídica ou canônica. O decreto diz: “Diante dos fatos envolvendo a pessoa do padre Pedro Leandro Ricardo, tendo consultado o Conselho Episcopal, mesmo o padre, em questão, tendo pedido afastamento de seu ofício”.
O padre está suspenso por tempo indeterminado, dentro e fora dos limites da diocese. “Por força deste decreto, o referido sacerdote fica privado do ‘uso de ordens’ e não tem jurisdição para presidir ou administrar qualquer sacramento ou sacremental. Fica sob a responsabilidade do padre, o ônus referente à sua defesa no âmbito da justiça civil”. (Vanessa Osava)
Fotos – Rede Social