87º Aniversário da Revolução Constitucionalista tem homenagem das Forças de Segurança
Na manhã desta terça-feira, 9, às 06h30, militares da 3ª Companhia de Polícia Militar de Pirassununga e do 13º Regimento de Cavalaria Mecanizado fizeram uma homenagem alusiva à Revolução Constitucionalista – 9 de Julho de 1932. A homenagem ocorreu no monumento existente defronte ao Velório Municipal, onde esta localizado o Cemitério Municipal, em que faz referência à data comemorativa aos 87 anos da Revolução de 1932.
Para compreensão da revolução de 1932, é necessário retornar ao ano de 1924, quando na capital paulista, ocorreu a “Revolução de 1924”, onde a Cavalaria da Força Publica, juntamente com Oficiais do Exército Brasileiro, imbuído das ideias tenentistas de reformas da “Revolta dos 18 do Forte de 1922”, tomaram de assalto o complexo de Quartéis da Policia Paulista no Bairro da Luz, desencadeando intensos combates na cidade de São Paulo, culminando assim, na retirada dos revoltosos para o Estado do Paraná, onde se uniram ao Capitão do Exército Brasileiro, Luiz Carlos Prestes, formando a Coluna Miguel Costa – Prestes.
No ano de 1930, com o predomínio paulista e mineiro na política nacional, em especial na sucessão presidencial, é lançado o nome de Getúlio Vargas, porém foi derrotado nas eleições, mas com o apoio de boa parte do Exército Brasileiro e da Coluna Miguel Costa – Prestes, toma o Poder e instaura um regime ditatorial no país.
Nesse cenário, o Estado de São Paulo, mesmo na condição de baluarte nacional devido sua forte economia, é colocado como um mero coadjuvante nas decisões dos rumos do Brasil, sendo nomeado o Interventor João Alberto Pessoa para assumir a cadeira de Governador do Estado. Como golpe de misericórdia no Estado de São Paulo, Vargas, desmobiliza o arsenal bélico da Força Pública de São Paulo, conseguindo literalmente destruir o que era conhecido, à época, como “O Pequeno Exército Paulista”.
No ano de 1931, começaram a ocorrer revoltas isoladas em quartéis da Força Pública, e manifestações populares devidos a insatisfação com o Governo, assim Getúlio Vargas, nomeia como novo Interventor de São Paulo, o Paulista Pedro de Toledo, numa tentativa de esfriar os ânimos, não tendo resultado, e em 23 de maio de 1932, na Praça da Republica, ocorre uma violenta reação a uma dessas manifestações, onde simpatizantes de Vargas, recebem com tiros os manifestantes que tentavam invadir, o que é hoje o Prédio da Secretaria da Educação, são feridos mortalmente os jovens, Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo (MMDC) os primeiros mártires da Revolução. Com esse gesto radical, Vargas, acende um estopim. Políticos paulistas, o Comando da Força Pública, estudantes, tropas do Exército e da Marinha sediados no Estado de São Paulo, todos esses descontentes com os rumos do país e contrários a Ditadura imposta por Vargas, começam a se articular formando o Exército Constitucionalista.
Ocorre uma União de diferentes classes com um mesmo objetivo, algo inédito na História do Brasil. Esse movimento aguardava o apoio de outros Estados como Mato Grosso, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, o que não aconteceu. Estando o levante marcado para o dia 14 de Julho de 1932, porém, houve vazamento de informações, e a Revolução teve seu inicio antecipado para a noite de 09 de Julho.
A Força Pública teve papel primordial, foi a espinha dorsal do Exército Constitucionalista, o qual recebeu o efetivo das tropas federais revolucionárias e dos civis, trabalhadores e estudantes, que somaram mais de 40.000 voluntários.
São Paulo, teve a frente como Chefe Supremo da Revolução o Governador Pedro de Toledo, quando aguardavam carregamentos de armas e munições, oriundos da Europa, como porém os portos paulistas foram tomados por tropas federais. Em razão disso, houve a necessidade de soluções caseiras e engenhosas. Surge assim, o Trem Blindado, apelidado pelos Getulistas como o trem da morte, pois durante a madrugada levava o terror para as tropas inimigas. A matraca, instrumento que repetia o som de um ninho de metralhadora. O lança petardos, armamento desenvolvido pela Escola Politécnica de São Paulo, que servia como peça de artilharia.
Pela primeira e única vez, ocorre uma União de todos os seguimentos da Sociedade Paulista, desde o empresário que converteu sua fábrica para a produção de material bélico, donas de casa que costuravam os uniformes, jovens mulheres que serviam como enfermeiras, crianças e escoteiros que ajudavam na angariação de fundos para o movimento, à imprensa, que se tornou um canal importantíssimo para a difusão de informações do front.
Todo o esforço foi válido, porém o maior foi o de sangue. Na mesma trincheira, do lado paulista, haviam militares da Força Pública, Exército e Marinha, estudantes, trabalhadores rurais da indústria, médicos, professores, entre outros profissionais. Os duros combates se deram em quatro frentes: Vale do Paraíba, Estrada Sorocabana, Araçatuba e Bauru, e Campinas. O inimigo era muito superior em número e armas, mesmo assim, com a abnegação do paulista, cada trecho era defendido com a própria vida. Os combates se seguiram até o dia 02 de outubro, quando São Paulo, já havia pago um preço muito elevado com a morte de cerca de 1.000 de seus filhos, entre eles o do próprio Comandante Geral da Força Pública, Julio Marcondes Salgado.
De inicio, o Governo Vargas dissera que venceu o Estado que desejava sua independência, mas a História mostrou que ele estava errado. O Povo Paulista, queria apenas a manutenção dos seus direitos, o império de uma Constituição. A vitória Paulista veio dois anos depois, com a Promulgação da Constituição de 1934, onde surgiram direitos que hoje consideramos normais, tais como o voto universal, voto das mulheres, direito universal a educação, entre outros.
Esse momento Magno da Força Pública e do Povo de São Paulo, está completando 87 anos. A Bandeira Paulista, em suas treze listras faz referências as noites e dias nas trincheiras, tendo em seu vermelho o sangue derramado pelo seu povo, paulistas de nascimento ou por opção.
Assim, quando cada Policial Militar, enverga sua farda, deve saber o passado glorioso que ela simboliza. Hoje os campos de Batalha são outros, a guerra é contra a desfragmentação dos valores da família e da sociedade. Embate, que cada dia infelizmente, também cobra o nosso sacrifício de sangue. Acreditemos que a nossa luta não é em vão, pois assim como ocorreu em 1932, o resultado da vitória não foi imediato, mas foi alcançado. Venceremos mais essa guerra, juntamente com as pessoas de bem, acreditando sempre na força da União e de superação dos desafios.
Pirassununga teve seus heróis como Vergílio Messa, João de Paula, Érico Varela, Paulo Limoeiro, Fábio Veloso e muitos outros que chegaram a quase 300 voluntários.
Texto enviado pelo Capitão PM Neymar Pereira dos Santos, Comandante da 3ª Cia. PM de Pirassununga/SP, do 36º BPM/I, fotos de Antônio Felippe