Casa Branca: Funcionário que fez voos rasantes em fábrica pede demissão
Por G1 São Carlos e Araraquara
O operador de produção que na terça (20) alugou um avião e fez voos rasantes sobre uma fábrica automotiva de Casa Branca (SP), provocando pânico entre os funcionários, pediu demissão na tarde desta quarta-feira (21). Ele foi indiciado pela polícia por dois crimes e teve a licença para pilotar apreendida. A Agência Nacional de Aviação (Anac) já recebeu a denúncia e apura o caso.
Vídeos que viralizaram nas redes sociais mostram o avião dando rasantes bem em cima da fábrica, que tem 420 funcionários. Ele voou tão perto que o alarme de segurança foi acionado. Assustados os funcionários saíram dos galpões. Em nota, a diretoria da empresa informou que adotou as medidas de segurança porque o sobrevoo foi feito em altitude incompatível.
Piloto faz rasantes em fábrica de Casa Branca (Foto: VC no G1)
‘Errei sim’
Ivan Eggers Bacci, de 27 anos, alugou o avião no aeroclube de São João da Boa Vista. Ele tinha começado a trabalhar na fábrica há poucos dias e, segundo o gerente da empresa, queria fazer uma ‘homenagem’. Na entrada da empresa, ele conversou com a reportagem da EPTV, afiliada da TV Globo, mas disse que não daria nenhuma informação por orientação do advogado.
Ivan falou com a reportagem da EPTV em Casa Branca (Foto: Eder Ribeiro/ EPTV)
No perfil dele no Facebook, que foi desativado durante a tarde, o rapaz disse que não tinha intenção de jogar o avião em cima da empresa e nem de causar pânico entre os funcionários. “Quem me conhece de verdade sabe disso, agora quem não conhece fica dizendo coisas que não condizem, mais uma vez, errei sim. (…) Quem nunca errou que atire a primeira pedra”, postou.
Ele foi à delegacia, mas optou por ficar calado. Ele vai responder por ameaçar a vida ou a saúde das pessoas e por colocar em perigo a aeronave. A pena prevista pode chegar a cinco anos de prisão. A licença dele para pilotar foi apreendida.
Voos rasantes geram pânico em fábrica de Casa Branca (Foto: VC no G1)
Manobras foram irregulares, diz especialista da USP
O piloto de avião e instrutor de voo Varderlei Soyza Adão disse que a manobra feita por Ivan é permitida. “É padrão, todos os aviadores conhecem muito bem essa manobra. É uma manobra de aproximação com simulação de motor parado. Realmente a mãe terra puxa, então você perde altura, aproxima perigosamente do solo, mas aquele região é de tráfego aeródromo”, afirmou.
Mas o chefe do departamento de engenharia aeronáutica da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, Fernando Catalano, contesta e diz que o piloto só pode estar em baixa altitude para decolar ou aterrissar.
chefe do departamento de engenharia aeronáutica da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, Fernando Catalano (Foto: Reprodução/ EPTV)
“A Anac estabelece que a altitude mínima em áreas povoadas ou não densamente povodas é acima de 1 mil pés, que é em torno de 380 metros”, disse.
“Em uma região habitada, que tinha uma fábrica embaixo, esse avião poderia colidir com o solo, com a fábrica, matar as pessoas no solo. Foi um risco muito, mas muito grande, que talvez ele não tenha noção disso. Isso é passível de ter as penas, ou a licença dele ser cancelada e ele receber uma multa de até R$ 50 mil”, disse Catalano.
Anac apura o caso
Em nota, a Anac informou que o piloto tem licença e habilitação válidas desde 2010. O orgão recebeu a denúncia, está apurando o caso e vai tomar as medidas cabíveis. “Se ficarem comprovadas irregularidades, a Agência aplicará as medidas necessárias, que podem variar de sanções administrativas, como multas ao operador da aeronave e piloto, até cassação de licenças e suspensão da aeronave”, informou o comunicado.