Prefeito não paga Santa Casa e idosa de 85 anos de idade volta para casa sem atendimento médico
Atualizado as 02h48 de 22 – 09 – 2018
Por solicitação do Poder Executivo de Pirassununga/SP, a direção da Santa Casa de Misericórdia enviou durante a tarde desta sexta-feira, 21, um Ofício, onde tenta minimizar o estado de greve colocado em ação no atendimento ao sistema SUS do Pronto Socorro, talvez para confundir ou menosprezar o ato.
O Ofício assinado pelo Provedor da entidade, Edinaldo Barbosa Lima, e pelo Diretor Técnico, Dr. Octavio Cesar A. Morales, não é tão diferente do que dito pela Comissão de Greve, através do Diretor Clínico do referido Hospital, o Dr. Álvaro Jardim.
Jardim, durante entrevista a este portal de notícia, para a Rádio Piracema FM – 94,7, bem como para o jornalismo da EPTV Central, afiliada da Rede Globo de televisão, disse que neste primeiro momento, as urgências e emergências terão prioridade (como sempre teve), quando então o serviço ambulatorial seria atendido a cada 15 minutos, ou seja, quatro pacientes a cada hora, isto caso não ocorra atendimento de urgência e emergência.
De acordo com Álvaro Jardim, a partir da próxima quarta ou quinta-feira, da próxima semana, caso a situação (pagamento do médicos) não sejam feitos, o atendimento ambulatorial será interrompido, passando somente para urgência e emergência.
Veja o documento enviado para o Poder Executivo pela direção da Santa Casa, isto por solicitação a administração pública.
“Em atendimento à solicitação de informação constante no ofício em referência, a IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PIRASSUNUNGA, esclarece o quanto segue:
No momento não há risco de desassistência aos usuários da saúde, pois o atendimento no Pronto Socorro segue funcionando em regime de contingenciamento como forma de protesto por parte dos médicos.
Assim, todos os pacientes que são classificados como urgência e emergência são atendidos imediatamente, no entanto os pacientes classificados como verde são atendidos em ritmo de quatro pacientes por médico por hora.
Desta forma há lentidão no atendimento, porém a população entendeu, em sua maioria, que a reivindicação dos médicos é justa e estão colaborando com o protesto.
Na certeza de sua compreensão, aguarda as devidas providências com a urgência que a situação requer, a fim de regularizara situação”
Sem atendimento e nada de 4 por 1
Muita gente voltou nesta sexta-feira, 21, primeiro dia de greve para a casa sem atendimento médico, isto devido à demora, pois, quando um paciente adentra ao Pronto Socorro com urgência e emergência, o sistema para, assim, o sistema ambulatorial deixa de ser atendido.
“Levei minha mãe de 85 anos de idade ao Pronto Socorro, pois sua pressão arterial estava um tanto alta, devido à grande demora no início desta noite (sexta-feira, 21), a levei embora” disse um lavrador rural de 38 anos de idade. A família pediu para não ser identificada por medo de possíveis represárias.
Segundo funcionários da Santa Casa que não quiseram se identificar, disseram que cerca de 50% do movimento junto ao Pronto Socorro, como numa sexta-feira qualquer, deixaram de comparecer, isto por saberem que não seriam atendidos, o que aumentou a consultas em consultórios médicos, onde muitas vezes, uma consulta varia entre R$ 250,00/350,00 reais.
A estimativa é de que durante a meia noite de sexta-feira e meia noite de sábado (24 horas), pouco mais de cem (100) consultas ambulatórias foram realizadas, quando, segundo dados fornecidos no passado pela direção da Santa Casa, cerca de 250 pessoas passam por atendimento.
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O amanhecer desta sexta-feira, 21, não foi diferente, o atendimento ambulatorial está suspenso no Pronto Socorro da Santa Casa de Pirassununga, bem como o PAM da zona norte e o serviço de SAMU. A greve dos médicos foi deflagrada as 17 horas desta quinta-feira, 20, devido a Prefeitura não ter repassado a verba para a Santa Casa, a fim de quitar a dívida com os médicos.
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Desde as 17h00 desta quinta-feira, 20, a Comissão de Greve dos Médicos da Santa Casa de Misericórdia da cidade de Pirassununga/SP deflagraram uma greve, onde o atendimento no Pronto Socorro será feito apenas na Emergência (vermelho), não atendendo ao ser serviço ambulatorial.
O atendimento no Pronto Atendimento Médico do PAM da zona norte da cidade também parou com o atendimento e, o mesmo acontece com o SAMU.
A greve aconteceu depois de inúmeras reuniões desde o final do mês, isto devido ao prefeito Ademir Alves Lindo (PSDB), não fazer os repasses para a Santa Casa, a fim profissionais da saúde.
Nesta quinta-feira em questão, uma reunião no Fórum de Pirassununga reuniu vereadores, prefeito, secretário de saúde, Ministério Público e os advogados da Santa Casa e da Associação Paulista de Medicina (sede de Pirassununga), mas, durante as ponderações, o prefeito alegou não ter dinheiro para honrar com a dívida.
Depois de uma reunião dos médicos com a Comissão de Greve, ficou decidido a greve, sendo o Ministério Público comunicado.
O Assessoria de Imprensa da Prefeitura Municipal não atendeu a ligação de nossa reportagem, isto devido o Paço Municipal ter encerrado o expediente as 17h00.
O secretário da pasta da Saúde, Edgar Saggioratto que estava reunido com o assessor, o médico Amauri Andreotti, disse que o SAMU, deverá continuar o atendimento.
Projeto
Na noite de terça-feira, 17, a Câmara Municipal de Pirassununga votou por unanimidade, o Projeto de Lei enviado em regime de urgência pelo prefeito, a fim de pagar a Santa Casa, mas, o referido Projeto contém erros e deverá ser vetado, quando então ainda nesta sexta-feira, 21, uma Sessão Extraordinária deverá acontecer para a votação de um Projeto, o qual seria correto.
Fórum
Durante uma reunião que perdurou por quase todo o dia, com intervalo para o almoço no Fórum de Pirassununga, envolvendo Prefeitura, Câmara Municipal, Ministério Público e advogados da Santa Casa e da Associação Paulista de Medicina (sede de Pirassununga).
Pedalada
De acordo com funcionários da Secretaria Municipal de Saúde, teria ocorrido “pedalada fiscal” por parte do administrador, onde uma conta da Saúde, com o código de “fundo 5”, teria sido utilizada para outras situações, o que poderia culminar em Improbidade.
CEI
De acordo com conversas nos corredores da Câmara Municipal, uma CEI – Comissão Especial de Investigação – poderia ser aberta nos próximos dias, a fim de averiguar esta denúncia sobre a “pedalada fiscal, sobre tal de Fundo 5”.
“Caso isto venha a acontecer, os vereadores poderão até mesmo chegar em possíveis (outras pedaladas fiscais)” disse um funcionário de carreira da Secretaria de Finanças do Município que pediu para não ser identificado.
Manifestação
Em sua conta na rede social, o renomado médico Dr. Frank Valvassore fez um desabafo. Veja.
Greve dos médicos em Pirassununga
Devido há (sic) um ano de descompromisso político com a saúde, estamos reduzindo o atendimento a urgências e emergências. Não somente na Santa Casa, mas no PAM e SAMU.
O descaso com os médicos chegou ao insustentável.
Todos recebem pelo seu salário, prefeitura, órgãos administrativos e todos, digo todos os setores da saúde, menos os médicos.
Pelo que estou entendendo, a prefeitura, a direção da Santa Casa e dos postos de atendimento, não necessitam de médicos.
A população vai sofrer, mas estes políticos e sangue-sugas (sic), não se importam. Suas famílias estão a salvo, pois não utilizam nossos serviços.
Medicina sem médicos, este é o objetivo destes gestores e administradores.
O estatuto de LUTO se inicia e espero que seja só em estado e não de fato.