Comunidade católica estão revoltados com o Bispo Diocesano de Limeira
Uma carta aberta protocolada na quinta-feira, 17, esta incomodando pessoas próximas do Bispo Diocesano, Dom Vilson Dias de Oliveira, da cidade de Limeira/SP. Nossa reportagem ligou ao menos por seis vezes no período da manhã desta segunda-feira, 21, a fim de e a assessoria de imprensa da referida Diocese, se manifestar em relação protesto.
Veja abaixo a Carta Aberta protocolada;
Carta Aberta dos leigos (as) da Diocese de Limeira a Vossa Excelência Reverendíssima Dom Vilson Dias de Oliveira, Bispo Diocesano.
CARTA PROTOCOLADA NA CÚRIA DIOCESANA DE LIMEIRA NO DIA 17/01/2019
Dom Vilson,
Este grupo de leigos e leigas que aqui estão, representam uma grande maioria dos fiéis desta Diocese que já se reuniram e se organizaram, com a finalidade de manifestar e demonstrar a insatisfação com o vosso episcopado exercido em nossa Diocese.
Nossa primeira providência foi tentar um agendamento para conversar com Vossa Excelência no dia 18 de dezembro e fomos informados que já estava de férias e que só retornaria em fevereiro de 2019.
Diante disso, optamos por esta carta aberta.
Destas reuniões e organização citamos algumas preocupações e enorme indignação dos fiéis, a saber:
– Sobre o seu distanciamento do rebanho que lhe foi confiado, indo contra o que prega o nosso Papa Francisco em sua exortação apostólica Evangelli Gaudium (A Alegria do Evangelho) quando clama por uma Igreja em saída: “O pastor com cheiro de ovelhas”.
Nós, povo fiel desta Diocese, temos necessidade daquela abordagem pastoral de “acolhimento”, de “proximidade”, e de “diálogo” da qual o Papa, com o seu exemplo, é um grande incentivador.
– Sobre a sua falta de diálogo com os leigos mostrando-se autoritário em suas decisões, desrespeitando Conselhos Paroquiais e Diocesanos.
O Ano Nacional do Laicato nos trouxe o Documento 105 da CNBB, onde os Bispos do Brasil afirmam que “o cristão leigo é verdadeiro sujeito eclesial mediante sua dignidade de batizado, vivendo fielmente sua condição de filho de Deus na fé, aberto ao diálogo, à colaboração e à corresponsabilidade com os pastores. Como sujeito eclesial, assume seus direitos e deveres na Igreja, sem cair no fechamento ou na indiferença, sem submissão servil nem contestação ideológica” (Doc. 105 -n. 119).
Os Conselhos Pastorais decorrem da eclesiologia de comunhão, fundamentada na Santíssima Trindade. São organismos de participação e corresponsabilidade (CNBB, Doc. 100, n. 290). A ausência de Conselhos Pastorais é reflexo da centralização e do clericalismo (Doc. 105-CNBB).
– Percebemos a sua imensa dedicação na construção de bens materiais como a Cúria Diocesana em detrimento da construção amorosa das relações fraternas com o seu povo, com os padres da sua Diocese, em detrimento mesmo da sua preocupação com o ser humano em sua integralidade física, psíquica, espiritual.
O Papa Francisco, em sua Exortação Apostólica “Evangelli Gaudium”, nos fala de uma evangelização com espírito, ou seja, uma evangelização com o Espírito Santo já que Ele é a alma da Igreja evangelizadora, e isso é muito diferente de um conjunto de tarefas vividas como uma obrigação pesada, que quase não se tolera ou suporta (EG 261).
O Papa fala ainda do prazer espiritual de ser povo. Ele diz que “para ser evangelizador com espírito é preciso desenvolver o prazer espiritual de estar próximo da vida das pessoas. A missão é uma paixão por Jesus, e simultaneamente uma paixão pelo seu povo. Jesus toma-nos do meio do povo e envia-nos ao povo, de tal modo que a nossa identidade não se compreende sem esta pertença” (EG 268).
– Sentimos que nossas comunidades estão sendo lesadas, porque suas necessidades próprias estão sendo colocadas em segundo plano para cobrir os gastos referentes à cúria diocesana.
– No quesito formação dos novos presbíteros, não percebemos uma seleção dos candidatos ingressos, inclusive temos conhecimento de que a vossa senhoria permitiu a entrada de candidatos que já foram dispensados de seminários de outras dioceses por problemas de comportamento moral.
– Ainda referente à formação dos novos padres em quase 11(onze) anos de seu episcopado tivemos 7(sete) reitores no seminário maior, por isso a grande pergunta é: qual é o projeto de formação diocesana dos novos padres?
– Nos chama muito a atenção a sua preferência por determinadas paróquias onde o senhor sempre se faz presente, em detrimento da sua ausência nas demais indo apenas para crisma e não se confraternizando com o povo. Referimos ainda sua pouca vontade, sua frieza nas suas reflexões sobre o evangelho, sempre lidas, mostrando desinteresse e desconhecimento da realidade do seu povo diocesano.
O Papa Francisco fala: “O pregador tem a belíssima e difícil missão de unir os corações que se amam: o do Senhor e os do seu povo (EG 143). Um pregador que não se prepara não é “espiritual”: é desonesto e irresponsável quanto aos dons que recebeu.” (EG 145)
– Manifestamos também aqui nesta carta aberta sua falta de atenção, apoio, escuta para com os padres de sua diocese. Percebemos em sua grande maioria um descontentamento com o seu episcopado, com a sua falta de proximidade paternal. Notamos inclusive sua seletividade ou acepção na proximidade e atenção com alguns padres.
O Papa diz: “O próprio Senhor Jesus é o modelo da opção evangelizadora com espírito, que nos introduz no coração do povo. Jesus é o modelo de quem partilha a vida com todos, sem distinção, de quem ouve suas preocupações, colabora material e espiritualmente nas suas necessidades, se alegrando com quem está alegre e chorando com quem chora.” (EG 269)
– Notícias correntes em toda a diocese dão conta que o senhor se ausenta de compromissos da diocese enquanto se encontra em sua residência na praia. Inclusive, no mês de dezembro, o senhor deixou de participar da celebração dos 50 anos de sacerdócio de um dos padres da sua Diocese porque se encontrava em sua casa na praia, sendo que na celebração estavam presentes Bispos de outras Dioceses e padres.
O Papa diz: “Jesus espera que renunciemos a procurar aqueles abrigos pessoais ou comunitários que permitem manter-nos à distância do nó do drama humano, a fim de aceitarmos verdadeiramente entrar em contato com a vida concreta dos outros” (EG 270)
– Quanto às transferências de Padres, nos causa grande espanto e descontentamento a sua falta de sensibilidade para com os sentimentos e necessidades do povo de Deus e dos próprios padres, uma vez que essas transferências são feitas de forma arbitrária, sem diálogo, sem respeitar os projetos pastorais das paróquias e sem ouvir os Conselhos de Pastoral das Comunidades. Além disso, elas ocorrem sempre na época do Natal, causando insatisfação e tristeza quando deveríamos celebrar com alegria.
– Sentimos que em toda a Diocese de Limeira há uma enorme preocupação dos leigos com relação à criação de tantas novas paróquias, quase que sem estruturas mínimas para se sustentar, quando já está quase insustentável a manutenção das existentes. A nós leigos, isso sugere mais uma forma de arrecadação financeira.
– Diante de tantos escândalos na área política do país, pelo uso indevido dos bens públicos, esta obscuridade nas contas diocesanas nos levam a um questionamento do uso do dinheiro dos fiéis, que mesmo em tempos de crise no país, não deixam de contribuir fielmente com suas paróquias.
Reiteramos nosso respeito ao Bispo Diocesano e nosso amor à Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Leigos e leigas da Diocese de Limeira.
“Meu filho, não despreze a correção do Senhor e não perca o ânimo quando for repreendido por ele; pois o Senhor corrige a quem ele ama e castiga a quem aceita como filho.” (Hebreus 12, 5-6).