Pesquisadores da USP desenvolvem drone capaz de voar sozinho em florestas
Pesquisa foi desenvolvida em parceria com a Universidade da Pensilvânia (EUA). Tecnologia permite prevenir desmatamentos e queimadas, diferente das outras já existentes no mercado.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos (SP) e da Universidade da Pensilvânia nos Estados Unidos desenvolveram um drone que voa sozinho e é capaz de desviar de obstáculos com objetivo de combater os desmatamentos e queimadas.
Nas últimas semanas, a região central do Brasil apresentou duas situações opostas, mas que acontecem de forma simultânea.
De um lado, o fogo que se alastra por causa do vento e do tempo seco no Pantanal. Do outro lado, o trabalho das equipes de Combate às chamas, dificultado pelo acesso do fogo.
Tecnologia
Essa situação motivou os pesquisadores em um trabalho para encontrar alternativas para esses casos. Os drones não são novidade, mas é a primeira vez entre árvores.
O equipamento tem um sistema de controle autônomo, por isso, não precisa de ninguém controlando o voo. Dessa forma, o piloto apenas delimita a área a ser sobrevoada e o equipamento faz tudo sozinho.
Com um sistema inteligente, o drone possuiu um sensor a laser que dispara milhares de feixes de luz por segundo e, conforme acerta as árvores, o equipamento calcula a distância e espessura de cada tronco e galho para evitar a batida.
Vantagens
Os testes foram realizados no estado de Nova Jersey em uma floresta de pinheiros e o resultado foi positivo.
O pesquisador da Universidade da Pensilvânia, Steven Chen, destacou que a tecnologia permite prevenir desmatamentos e queimadas, diferente das outras já existentes no mercado.
“Uma coisa importante para conseguir prevenir o desmatamento é ser capaz de avistá-lo em tempo real, se você usar os métodos tradicionais com satélite quando se dá conta já é tarde demais e o estrago já foi feito”, afirmou Chen.
Ao mesmo tempo em que o drone é capaz de escapar de obstáculos da natureza, ele também gera um mapa tridimensional da área.
“A gente consegue ter uma informação muito mais detalhada da floresta, consegue pegar, por exemplo, o diâmetro e altura das árvores, olhar também as folhas no chão, que pode ser um potencial de incêndio”, disse o pesquisador do Centro de Robótica da USP de São Carlos, Guilherme Nardari.
Outra funcionalidade do equipamento é a rapidez, a capacidade de mapear uma floresta com 400 mil metros quadrados em apenas 30 minutos. O mesmo trabalho feito por pessoas, revezando dia e noite, levaria mais de 12 dias para ser executado.
“A nossa questão aqui é como desenvolver tecnologias para que esse mapeamento seja feito localmente e não de uma maneira mais global como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) faz. Entrando na floresta e identificando possíveis regiões de risco”, afirmou o professor da Escola de Engenharia da USP de São Carlos, Marco Henrique Terra.
Nos Estados Unidos os pesquisadores já oferecem alguns serviços de mapeamento com a tecnologia desenvolvida e no Brasil o próximo passo é buscar parcerias com a iniciativa privada para que o drone também seja utilizado.
G1 São Carlos